quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Do nosso lado de dentro só nós sabemos o que se passa...
Hoje
conversando com um paciente, falávamos sobre a dor da solidão, não a solidão do
lado de fora... Mas a solidão do lado de dentro.
A
depressão e com ela pensamentos suicidas são mais recorrentes do que possamos imaginar,
acontece em todas as classes sociais e em diferentes idades, e muitas vezes
convivemos ao lado destas pessoas sem ao menos suspeitar da dor que está se
passando dentro delas.
Os
depoimentos de pacientes que estiveram muito próximos ao anseio de tirar a
própria vida é desesperador... Pode parecer contraditório, mas eu diria que é
um vazio cheio de dor, onde eu pude ver e ouvir a magnitude dessa dor pelo
olhar distante e a voz que sai de dentro de alguém que parece não existir mais
naquele momento, é a morte em vida.
Todos
nós podemos ser acometidos por este terrível pesadelo, que é gerado por vários
fatores, às vezes situações óbvias de dor e desamparo como perder alguém
importante (seja por morte, separação ou abandono), às vezes essa dor é
construída diariamente pelo alto nível de stress e exigências de um mundo cada
vez mais capitalista ou até mesmo por altos níveis de cobrança interna de cada
um, junte tudo isso a situações desconfortáveis existentes em nossa vida social
e familiar, e ainda fatores genéticos (segundo a ciência).
O
que escrevi até agora é uma introdução para um paralelo que quero fazer sobre esse
sentimento de vazio (de dentro da gente). Li um livro nestas férias (em breve
postarei um texto sobre ele) do qual me chamou a atenção a conversa de uma
mulher (esposa de um homem bipolar, e bastante entendida sobre dor e desilusão)
com um adolescente que havia sido abandonado pelo pai e acabado de perder a mãe
num atentado terrorista; ela perguntou para esse menino: “O que você gosta de
fazer no seu tempo livre?” Claro que ele citou ”jogar vídeo game”, mas ela
persistiu... “O que estou tentando dizer não é tanto o que você faz, só queria que pudéssemos encontrar uma
forma de te deixar mais conectado”. Ela estava tendo essa conversa, pois sabia
que o menino havia perdido a conexão mais saudável em sua vida até aquele
momento, a mãe dele.
Conectado
a quê? Ele perguntou.
E é essa
reflexão que eu gostaria de fazer: A que ou a quem você anda conectado e o que
isso tem acrescentado em sua vida? Está conectado a pessoas tóxicas? A internet?
Vasculhando a vida dos outros e comparando com a sua? Conectado num trabalho
que você não vê mais sentido? Lendo e mandando mensagens vazias que te tomam
seu precioso tempo?
Claro
que o ócio, a curiosidade, jogos e conversas online (você não estaria lendo
este texto se não estivesse conectado a internet) tudo isso faz parte da vida moderna,
onde a tecnologia nos permite entrar na vida das pessoas e do mundo e nos
entreter com apenas um click. Mas isso está sendo suficiente para preencher a
sua vida? Falo daquela vida do lado de dentro e que podemos chamar de saúde
emocional e física, pois não separamos nosso corpo é ele quem carrega toda
nossa existência.
Se
permita esta pequena reflexão, reveja seus padrões de conexão! Saia de grupos
que não te agregam e se permita ir alem com grupos que são importantes e marque
encontros ao vivo e a cores, avalie quem você segue nas mídias sociais e se pergunte
o que me acrescenta? É entretenimento, matar
a saudade de quem está longe, curtir e ficar feliz com postagens de quem você admira;
aprender e se manter informado com temas de sua preferência... Tudo isso se te
acrescenta e faz bem, OK, se não for nada disso, pare de jogar seu precioso
tempo no lixo. Esteja conectado com você
acima de tudo! Crie hábitos saudáveis e hobbies que tem importância em sua
vida... A Jovem senhora termina a conversa com o menino dizendo: “Você ficaria
surpreso com como coisas pequenas e cotidianas podem nos tirar do desespero.
Mas ninguém pode fazer isso por você. Você é que tem que prestar atenção na
porta aberta”.
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